quinta-feira, 25 de outubro de 2007

In nomine Patri...

Os passos seguiam lentos na nave da catedral. Naquele imenso lugar apenas o som dos passos podia ser escutado. As vezes eu achava que as estátuas queriam falar comigo. Acho que até hoje não me enganei quanto a isso. Olhar aquelas estátuas de santos, e anjos que sofreram, dando de si o sangue para conseguir a redenção. Hoje eu já não sei que parte disto é alienação ou besteira e também não quero mais saber. Não me importa mais. As paredes deste lugar escondem segredos que deixariam o mais torpe homem envergonhado. As paredes deste lugar escondem ela. Até hoje ao lembrar meu corpo arrepia inteiro. Engraçado como até hoje sensações me perseguem. Eu já não moro mais dentro destas paredes, já não sou um garoto inocente que acreditava servir a Deus. Deixo meu corpo sentar no banco de madeira para olhar as estátuas novamente. E é como se eu voltasse no tempo. O fechar os olhos, o respirar. A ansiedade daquele primeiro dia. A mão que pousou na minha coxa com um leve apertar. Na época eu imaginei que fosse algo apenas para me fazer abrir os olhos. Hoje, eu percebo. Era o informar que eu já havia sido escolhido. Abri meus olhos e ali estava ela. Os olhos de um negro que pareciam me sugar. O rosto delicado e angelical envolto pelo manto do hábito. O sinal, o sinal que ela possui sobre o canto dos lábios, sinal que ansiei por tantas noites deslizar a minha língua ávida em busca de seu beijo. E ela me sorriu. Daquele jeito delicado e doce que pretende acalmar o espírito.
- Bom dia, você é Mates não é? Sou a irmã Claire... o Bispo pediu que eu o levasse até seus aposentos.. ele irá vê-lo mais tarde.
Aquela voz suave e delicada fora para sempre a minha perdição. Hoje, eu sei disto. Na época eu apenas me deixei sorrir timidamente e ser levado por ela pelos corredores da sacristia até meu quarto de paredes de pedras. Lugar simples. Uma janela, um guarda-roupas antigo, uma cama de cimento. Uma mesinha de estudos, alguns livros, a bíblia e a minha fé. Havia ainda um chicote de cordas dentro do guarda-roupas, assustei-me com aquilo e na visita do bispo mais tarde fiquei sabendo que era para os rituais de auto-flagelo. Estranho prazer de punição. Me perguntei uma única vez se Deus me castigaria com chicotadas caso eu tivesse pensamentos libidinosos. Hoje eu sorrio. A igreja é a precursora do BDSM, não há quem me tire esta idéia da cabeça. Os dias se passaram na catedral, eu cumpria as obrigações que me cabiam e a noite era voltada a orações e o recluso. Mas durante as missas, meus olhos sempre viam os olhos dela. Me sorria de um jeito que me desnudava a pele em frações de segundos, e eu descobri o sabor que tem o chicote de cordas em minha pele. Descobri-me uma noite a sonhar. Sonhar com os lábios de Irmã Claire a me beijar a boca e as delicadas mãos a me tocar. A me tomar o peito, a deslizar para o meu sexo. E acordei durante a noite a sua frio. Lembro que foi a primeira vez que resolvi que precisava reafirmar a minha fé. Levantei e tomei o chicote, bati temerosamente a primeira, segunda, o ardor na pele. Terceira, quarta... a partir da quinta os açoites já eram mais intensos e violentos e eu sentia o sangue a me escorrer pelas costas. Ao fim do flagelo, eu estava curado do desejo pecaminoso. E minha fé reacendida. Mas meus sonhos não me abandonaram. Eu sonhava com o cheiro, com o sabor que teria a pele, com a cor que teriam os mamilos, se haviam pelos ou não em sua vagina. E os sonhos passaram a ser acordados. A se passarem durante as missas. E meus rituais de punição se tornavam mais bruscos e violentos. E os sonhos mais pervertidos. Sonhava com penetrações. Em possuir a Irmã Claire, em ter a boca da mulher a tomar meu membro. Membro. Não tenho mais certos pudores em falar algumas palavras que antes me soavam como palavrões. Meu pau, minha pica, meu cacete.. sonhava com ela a me abocanhar o pau com apetite de uma vagabuda. Sentia as mãos me percorrendo a coxa e foi nesse momento que abri os olhos para minhas visões. Ela estava ali, e quando abri os olhos assustado, ela colocou o dedo diante dos lábios me pedindo um silêncio necessário, o som da porta sendo trancada.
- Em alguns dias sairá sua ordenança. E vai embora da catedral para uma paróquia no interior não é?
A voz dela era quase abafada pelo meu respirar. Pelos meus olhos arregalados a observa-la. Era uma visão. Só podia ser uma visão. Eu respondi num meneio positivo da cabeça, num engolir seco.
- Se ficasse aqui, eu poderia esperar mais tempo, até ser menos arriscado vir para as galerias, mas como vai embora..
E aqueles dedos delicados. Dedos que beijei tantas vezes em respeito e benção, erguia o habito, retirava o tecido que cobria o corpo revelando as respostas das minhas perguntas lascivas. Um corpo esguio. Sem muitas curvas. Seios pequenos de bicos rosados. A buceta coberta de pelos negros que tapavam a vista inquisitora. Levantei-me da cama, correndo para o guarda-roupas em busca do meu açoite. Eu estava excitado, desde antes de acordar com ela no meu quarto. E precisava da minha fé. Da minha verdade. Tomei o açoite e comecei o flagelo com o ruído das cordas nas costas calejadas, marcadas.
- Confiteor Deo omnipotenti et vobis, fratres, quia peccavi nimis cogitatione, verbo, opere et omissione: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Ideo precor beatam Mariam semper Virginem, omnes Angelos et Sanctos, et vos, fratres, orare pro me ad Dominum Deum nostrum.
Ela apenas se mantinha ali ao lado. Nua. O sorriso doce nos lábios, aquela pinta que me tirava os sentidos apenas de recordar. Deixou que me batesse até que o sangue começasse a escorrer pelas feridas novamente abertas e então segurou minha mão. Retirou-me o açoite dos dedos e os dedos dela delicadamente tomavam meu rosto molhado de lágrimas, duvidas, desejos e medos.
- Você é um homem de Deus, um representante do Senhor na terra. Eu prometi servir ao senhor, e a ele entregar meu corpo. Então, receba-o, em nome do Senhor.
E aquela boca, delicada, fina, tomou a minha, num beijo intenso. A língua que me invadia a boca, os dedos que percorriam o caminho para a minha nuca.. os mordiscares que dva nos meus lábios prendendo-os em sua boca. Fora impossível negar o beijo, fora impossível impedir que minhas mãos tomassem as costas delicadas, e deslizassem sentindo a pele, e o gosto. O sabor do beijo, da pele do pescoço.. era mais delicioso do que qualquer sonho que eu pudesse ter tido. Era fresco. Ela cheirava a flores e aquilo inebriava. E ela me tirou a calça, com sorrisos ao ver o meu estado.
- Tem um demônio no corpo, Irmão... é meu dever expulsa-lo.
E sorria daquele jeito lascivo de uma mulher que sabe o que quer e como faz. A boca que descia tomando meu corpo, mordiscava meu peito, e seguia trilhando o caminho delicado e raro dos pelos do umbigo até o membro. Ela o envolvia, o tomava entre os dedos e deixava a língua brincar com a extremidade. Tocava-o com o sorriso safado estampado no rosto.
- É tão bonito Mateus.. bonito como um anjo..
E falava isso deixando que eu escorregasse para dentro da boca. Até hoje eu não consigo descrever aquela sensação. Da aspereza úmida e quente da língua que tocava a pele, que deslizava molhando todo o falo. Meu respirar se prendia. E involuntariamente o quadril movia-se para ela, queria que ela me chupasse inteiro. A sensação era maravilhosa. Se aquilo era padecer no inferno, tive certeza que minha alma se venderia. Ela me chupou com primor de quem praticava isso há tempos. Os dedos brincavam nos testículos num acariciar com a ponta deles. E ela permitia a língua matreira a deslizar até a base. Lambia a virilha.. os pelos.. pressionava a base, hoje sei que para não me permitir gozar. E caminhou para a minha cama. Levando-me com o membro na mão. O crucifixo dela pendurado entre o seio. O manto do habito contendo os cabelos negros. Deitou-se e abriu as pernas diante de mim. O cheiro do sexo molhado.
- Vem, meu menino... me chupe.. sabe como ela se chama? É a morada do diabo... a minha menininha.. minha boceta..
Era lasciva, era intensa e naquele momento eu tenho certeza que me apaixonei e não mais teria paz. Eu a obedeci. Ajoelhei-me entre as suas pernas brancas e os dedos dela afastavam as carnes molhadas.. e a minha língua a tomou. Desengonçadamente no inicio.
- Mais devagar... apenas a pontinha da língua meu menino.. apenas a pontinha.. assim.. neste pontinho aqui olha..
Ela dizia entre o resfolegar da respiração me exibindo o clitóris. E eu obediente e aprendiz atendia.. e realizava com afinco os desejos que ela imputia.
- Isso.. assim... é gostoso.. agora chupa.. chupa ela inteirinha.. que boquinha gostosa tem o meu menino..
E a chupei até sentir que ela se esvaia em meus lábios. Assustei-me. Achei que se tratava de urina. Mas o respirar acentuado, o rosto sorridente, os gemidos, era o primeiro gozo de uma mulher em minha boca. E eu havia gostado.
- Enfia em mim.. mete esse seu pau na minha boceta, agora.. vem meu menino..
Os dedos delicados dela buscavam a mim. E me tocavam introduzindo meu membro dentro dela, e novamente aquela sensação. Mas agora mais intensa. As paredes que se contraiam me massageando. Enquanto eu ermo, parado, e ela movia o quadril para cima e para baixo. Incitando meus movimentos. As pernas abertas, os pés que deslizavam sobre a minha coxa, os dedos que tomavam a minha nuca, que deslizavam nas minhas costas, no meu sangue, nas feridas abertas.. os olhos negros me fazendo prisioneiro. Os meus primeiros movimentos, que ganhavam intensidade quando ela guiavam meus lábios para os pequeninos seios..
- Beija...
E eu atendia, atenderia tudo que ela quisesse e pedisse. Eu já a amava. Beijei os seios, chupei-os.. e os movimentos foram se tornando mais intensos, os gemidos mais altos, até o ápice. A sensação de espasmos.. de que eu morreria a qualquer minuto me esvaindo inteiro pelo pau. O Meu gozo veio com o gozo dela, com o arranhar da unha nas minhas costas.. com o beijo apaixonado nos meus lábios. Com a mão que agora tocava a minha caixa. E me fazia abrir os olhos novamente. Eu estava ofegante. Suava. Sentia os pingos do suor descerem pelo meu rosto e limpei com um lenço rapidamente antes de olhar a mulher que estava sentada ao meu lado, com o sorriso doce nos lábios.
- Bom dia, sou a Irmã Claire. Você deve ser o detetive Edward Flaning, não é? O Bispo pediu que eu viesse recebe-lo e leva-lo até a sacristia, ele já virá atende-lo.
Eu sorri para a mulher. Realmente era linda. Uma perdição. Muito mais do que estava contado naquele diário que era a única pista da policia atualmente.
- Sou sim. Vim investigar a morte do Padre Mateus Fantini. Acompanhei a mulher quando fechei o livro escrito pelo padre em meu colo. Estar naquele lugar era como poder enxergar pelos olhos dele. Então que ele me mostrasse o que realmente o bispo iria dizer.

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Nussa...
Freirinha safada heim? Levou o jovem padre a perdição.

Cruel...

25 de outubro de 2007 às 17:46  
Blogger Tyr Quentalë disse...

Sabe quando vc sente uma pitada de: O Nome da Rosa? Onde a religiosidade mescla-se com a Sensualidade e o mistério? Muito bom o conto e quero a segunda parte, te vira mano...

26 de outubro de 2007 às 17:48  
Anonymous Anônimo disse...

Mais uma vez, leva o leitor a sentir à pele os arrepios de um toque feminino intenso, certeiro. Excelente, guardião, meus parabéns.

3 de novembro de 2007 às 06:50  

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