quinta-feira, 25 de outubro de 2007

In nomine Patri...

Os passos seguiam lentos na nave da catedral. Naquele imenso lugar apenas o som dos passos podia ser escutado. As vezes eu achava que as estátuas queriam falar comigo. Acho que até hoje não me enganei quanto a isso. Olhar aquelas estátuas de santos, e anjos que sofreram, dando de si o sangue para conseguir a redenção. Hoje eu já não sei que parte disto é alienação ou besteira e também não quero mais saber. Não me importa mais. As paredes deste lugar escondem segredos que deixariam o mais torpe homem envergonhado. As paredes deste lugar escondem ela. Até hoje ao lembrar meu corpo arrepia inteiro. Engraçado como até hoje sensações me perseguem. Eu já não moro mais dentro destas paredes, já não sou um garoto inocente que acreditava servir a Deus. Deixo meu corpo sentar no banco de madeira para olhar as estátuas novamente. E é como se eu voltasse no tempo. O fechar os olhos, o respirar. A ansiedade daquele primeiro dia. A mão que pousou na minha coxa com um leve apertar. Na época eu imaginei que fosse algo apenas para me fazer abrir os olhos. Hoje, eu percebo. Era o informar que eu já havia sido escolhido. Abri meus olhos e ali estava ela. Os olhos de um negro que pareciam me sugar. O rosto delicado e angelical envolto pelo manto do hábito. O sinal, o sinal que ela possui sobre o canto dos lábios, sinal que ansiei por tantas noites deslizar a minha língua ávida em busca de seu beijo. E ela me sorriu. Daquele jeito delicado e doce que pretende acalmar o espírito.
- Bom dia, você é Mates não é? Sou a irmã Claire... o Bispo pediu que eu o levasse até seus aposentos.. ele irá vê-lo mais tarde.
Aquela voz suave e delicada fora para sempre a minha perdição. Hoje, eu sei disto. Na época eu apenas me deixei sorrir timidamente e ser levado por ela pelos corredores da sacristia até meu quarto de paredes de pedras. Lugar simples. Uma janela, um guarda-roupas antigo, uma cama de cimento. Uma mesinha de estudos, alguns livros, a bíblia e a minha fé. Havia ainda um chicote de cordas dentro do guarda-roupas, assustei-me com aquilo e na visita do bispo mais tarde fiquei sabendo que era para os rituais de auto-flagelo. Estranho prazer de punição. Me perguntei uma única vez se Deus me castigaria com chicotadas caso eu tivesse pensamentos libidinosos. Hoje eu sorrio. A igreja é a precursora do BDSM, não há quem me tire esta idéia da cabeça. Os dias se passaram na catedral, eu cumpria as obrigações que me cabiam e a noite era voltada a orações e o recluso. Mas durante as missas, meus olhos sempre viam os olhos dela. Me sorria de um jeito que me desnudava a pele em frações de segundos, e eu descobri o sabor que tem o chicote de cordas em minha pele. Descobri-me uma noite a sonhar. Sonhar com os lábios de Irmã Claire a me beijar a boca e as delicadas mãos a me tocar. A me tomar o peito, a deslizar para o meu sexo. E acordei durante a noite a sua frio. Lembro que foi a primeira vez que resolvi que precisava reafirmar a minha fé. Levantei e tomei o chicote, bati temerosamente a primeira, segunda, o ardor na pele. Terceira, quarta... a partir da quinta os açoites já eram mais intensos e violentos e eu sentia o sangue a me escorrer pelas costas. Ao fim do flagelo, eu estava curado do desejo pecaminoso. E minha fé reacendida. Mas meus sonhos não me abandonaram. Eu sonhava com o cheiro, com o sabor que teria a pele, com a cor que teriam os mamilos, se haviam pelos ou não em sua vagina. E os sonhos passaram a ser acordados. A se passarem durante as missas. E meus rituais de punição se tornavam mais bruscos e violentos. E os sonhos mais pervertidos. Sonhava com penetrações. Em possuir a Irmã Claire, em ter a boca da mulher a tomar meu membro. Membro. Não tenho mais certos pudores em falar algumas palavras que antes me soavam como palavrões. Meu pau, minha pica, meu cacete.. sonhava com ela a me abocanhar o pau com apetite de uma vagabuda. Sentia as mãos me percorrendo a coxa e foi nesse momento que abri os olhos para minhas visões. Ela estava ali, e quando abri os olhos assustado, ela colocou o dedo diante dos lábios me pedindo um silêncio necessário, o som da porta sendo trancada.
- Em alguns dias sairá sua ordenança. E vai embora da catedral para uma paróquia no interior não é?
A voz dela era quase abafada pelo meu respirar. Pelos meus olhos arregalados a observa-la. Era uma visão. Só podia ser uma visão. Eu respondi num meneio positivo da cabeça, num engolir seco.
- Se ficasse aqui, eu poderia esperar mais tempo, até ser menos arriscado vir para as galerias, mas como vai embora..
E aqueles dedos delicados. Dedos que beijei tantas vezes em respeito e benção, erguia o habito, retirava o tecido que cobria o corpo revelando as respostas das minhas perguntas lascivas. Um corpo esguio. Sem muitas curvas. Seios pequenos de bicos rosados. A buceta coberta de pelos negros que tapavam a vista inquisitora. Levantei-me da cama, correndo para o guarda-roupas em busca do meu açoite. Eu estava excitado, desde antes de acordar com ela no meu quarto. E precisava da minha fé. Da minha verdade. Tomei o açoite e comecei o flagelo com o ruído das cordas nas costas calejadas, marcadas.
- Confiteor Deo omnipotenti et vobis, fratres, quia peccavi nimis cogitatione, verbo, opere et omissione: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Ideo precor beatam Mariam semper Virginem, omnes Angelos et Sanctos, et vos, fratres, orare pro me ad Dominum Deum nostrum.
Ela apenas se mantinha ali ao lado. Nua. O sorriso doce nos lábios, aquela pinta que me tirava os sentidos apenas de recordar. Deixou que me batesse até que o sangue começasse a escorrer pelas feridas novamente abertas e então segurou minha mão. Retirou-me o açoite dos dedos e os dedos dela delicadamente tomavam meu rosto molhado de lágrimas, duvidas, desejos e medos.
- Você é um homem de Deus, um representante do Senhor na terra. Eu prometi servir ao senhor, e a ele entregar meu corpo. Então, receba-o, em nome do Senhor.
E aquela boca, delicada, fina, tomou a minha, num beijo intenso. A língua que me invadia a boca, os dedos que percorriam o caminho para a minha nuca.. os mordiscares que dva nos meus lábios prendendo-os em sua boca. Fora impossível negar o beijo, fora impossível impedir que minhas mãos tomassem as costas delicadas, e deslizassem sentindo a pele, e o gosto. O sabor do beijo, da pele do pescoço.. era mais delicioso do que qualquer sonho que eu pudesse ter tido. Era fresco. Ela cheirava a flores e aquilo inebriava. E ela me tirou a calça, com sorrisos ao ver o meu estado.
- Tem um demônio no corpo, Irmão... é meu dever expulsa-lo.
E sorria daquele jeito lascivo de uma mulher que sabe o que quer e como faz. A boca que descia tomando meu corpo, mordiscava meu peito, e seguia trilhando o caminho delicado e raro dos pelos do umbigo até o membro. Ela o envolvia, o tomava entre os dedos e deixava a língua brincar com a extremidade. Tocava-o com o sorriso safado estampado no rosto.
- É tão bonito Mateus.. bonito como um anjo..
E falava isso deixando que eu escorregasse para dentro da boca. Até hoje eu não consigo descrever aquela sensação. Da aspereza úmida e quente da língua que tocava a pele, que deslizava molhando todo o falo. Meu respirar se prendia. E involuntariamente o quadril movia-se para ela, queria que ela me chupasse inteiro. A sensação era maravilhosa. Se aquilo era padecer no inferno, tive certeza que minha alma se venderia. Ela me chupou com primor de quem praticava isso há tempos. Os dedos brincavam nos testículos num acariciar com a ponta deles. E ela permitia a língua matreira a deslizar até a base. Lambia a virilha.. os pelos.. pressionava a base, hoje sei que para não me permitir gozar. E caminhou para a minha cama. Levando-me com o membro na mão. O crucifixo dela pendurado entre o seio. O manto do habito contendo os cabelos negros. Deitou-se e abriu as pernas diante de mim. O cheiro do sexo molhado.
- Vem, meu menino... me chupe.. sabe como ela se chama? É a morada do diabo... a minha menininha.. minha boceta..
Era lasciva, era intensa e naquele momento eu tenho certeza que me apaixonei e não mais teria paz. Eu a obedeci. Ajoelhei-me entre as suas pernas brancas e os dedos dela afastavam as carnes molhadas.. e a minha língua a tomou. Desengonçadamente no inicio.
- Mais devagar... apenas a pontinha da língua meu menino.. apenas a pontinha.. assim.. neste pontinho aqui olha..
Ela dizia entre o resfolegar da respiração me exibindo o clitóris. E eu obediente e aprendiz atendia.. e realizava com afinco os desejos que ela imputia.
- Isso.. assim... é gostoso.. agora chupa.. chupa ela inteirinha.. que boquinha gostosa tem o meu menino..
E a chupei até sentir que ela se esvaia em meus lábios. Assustei-me. Achei que se tratava de urina. Mas o respirar acentuado, o rosto sorridente, os gemidos, era o primeiro gozo de uma mulher em minha boca. E eu havia gostado.
- Enfia em mim.. mete esse seu pau na minha boceta, agora.. vem meu menino..
Os dedos delicados dela buscavam a mim. E me tocavam introduzindo meu membro dentro dela, e novamente aquela sensação. Mas agora mais intensa. As paredes que se contraiam me massageando. Enquanto eu ermo, parado, e ela movia o quadril para cima e para baixo. Incitando meus movimentos. As pernas abertas, os pés que deslizavam sobre a minha coxa, os dedos que tomavam a minha nuca, que deslizavam nas minhas costas, no meu sangue, nas feridas abertas.. os olhos negros me fazendo prisioneiro. Os meus primeiros movimentos, que ganhavam intensidade quando ela guiavam meus lábios para os pequeninos seios..
- Beija...
E eu atendia, atenderia tudo que ela quisesse e pedisse. Eu já a amava. Beijei os seios, chupei-os.. e os movimentos foram se tornando mais intensos, os gemidos mais altos, até o ápice. A sensação de espasmos.. de que eu morreria a qualquer minuto me esvaindo inteiro pelo pau. O Meu gozo veio com o gozo dela, com o arranhar da unha nas minhas costas.. com o beijo apaixonado nos meus lábios. Com a mão que agora tocava a minha caixa. E me fazia abrir os olhos novamente. Eu estava ofegante. Suava. Sentia os pingos do suor descerem pelo meu rosto e limpei com um lenço rapidamente antes de olhar a mulher que estava sentada ao meu lado, com o sorriso doce nos lábios.
- Bom dia, sou a Irmã Claire. Você deve ser o detetive Edward Flaning, não é? O Bispo pediu que eu viesse recebe-lo e leva-lo até a sacristia, ele já virá atende-lo.
Eu sorri para a mulher. Realmente era linda. Uma perdição. Muito mais do que estava contado naquele diário que era a única pista da policia atualmente.
- Sou sim. Vim investigar a morte do Padre Mateus Fantini. Acompanhei a mulher quando fechei o livro escrito pelo padre em meu colo. Estar naquele lugar era como poder enxergar pelos olhos dele. Então que ele me mostrasse o que realmente o bispo iria dizer.

Reflexões

"Teus olhos imorais,Mulher, que me dissecas
Teus olhos dizem maisQue muitas bibliotecas..."
(Cesário Verde)

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Visita à Desireé - Parte 2 (Final)

Os olhos de Kock se mantinham sobre a pequena Ammellie, havia um misto de sorriso e satisfação esboçado no rosto angular e belo do homem que a fazia gemer ainda mais alto. As mãos da pequenina erguidas pelo braço de Victor. O homem deixava que os lábios presenteassem a pele virginal com beijos e mordiscares. O membro a deslizar entre as pernas da garota que tentava em vão arqueá-las levemente. O corpo amolecia por inteiro. Sentia o melar das coxas, o abdômen que subia e descia em uma velocidade ofegante. Ela gozaria, gozaria não no membro de Victor entre suas pernas, mas nos olhos de Kock que a possuíam inteira. O rapaz atrás da pequena movia-se. Deixava-se esfregar nela. As mãos tocavam os pequenos e rijos seios, brincavam com o biquinho sem muita destreza, mas ainda assim, sob aquele olhar qualquer toque se tornava inebriante. As mãos de Desireè tomavam o cabelo da ruiva que estava entre as suas coxas. Gostava daquela sensação de comandar. Gostava de ter total controle sobre a vontade de outro. E era assim que provocava Lucrecia, enquanto a mulher se esbaldava em chupar-lhe o sexo com volúpia, melava-se inteira no sexo de Desireè. Mordiscava. A ponta da língua provocativa brincava como fazia com seu mestre, tocava-lhe a ponta do clitóris e deslizava para dentro do sexo da mulher. Desireè deixou escapar um gemido que lhe traia. Mas vinha o tapa. O tapa forte contra o belo rosto da escrava de Kock.
- Eu lhe permiti que me fodesse com essa sua língua de merda, sua vagabunda? – E a mão da Domme a puxava pelo queixo.
Os olhos de Lucrecia eram de desculpas. Não podia ter agido por conta própria, não podia ter feito aquilo, era uma impura, não era digna de chupar a amiga de seu mestre.
- Me perdoe senhora, me perdoe.
E outro tapa. Marcava o rosto de Lucrecia com os dedos finos. Parecia até mesmo haver algo mais do que disciplina em seus atos. Descia a perna do braço do sofá. Se aquela vagabundinha de Kock continuasse ela gozaria com toda a certeza e não seria bom que seus escravos a vissem gozando para outra e tão rápido. A culpa era de Henrick que se mantinha ali imóvel. Nem os ruídos do tapa, ou os pedidos de Lucrecia pareciam capaz de tirar-lhe do transe nos olhos de Ammellie. Os olhos da Domme estavam novamente sobre os do Mestre e aquilo parecia rasgar-lhe inteira numa onda de calor que não podia justificar. Lucrecia abaixava-se. Lambia as botas de Desireè num pedido de desculpas muda e a mulher não se deixava voltar atrás.
- Basta!! – e erguia a mulher pelos cabelos fazendo-a reclinar-se no encosto do sofá, mantendo as nádegas empinadas e redondas para cima.
- Vai me castigar senhora? – Indagava a voz doce e sedutora de Lucrecia. Kock sabia trabalhar bem suas escravas e o sorriso de satisfação que Desireè não pôde ver desenhado nos lábios carnudos da mulher entregava que o ato havia sido pensado exatamente para chegar onde ela queria. O Castigo.
Desireè não respondia. Os olhos fixos em Kock sentiam a vagina formigar inteira. Queria que ele a fodesse. Que estranho dom era aquele do Dominador? Ele estava trepando com a escrava e com ela ao mesmo tempo, sem tocar a escrava e a ela sequer destinava o olhar. Desgraçado. Virava-se de vez, deixando os dedos tatearem a baixela de prata na sala com alguns apetrechos e deixava o dedo deslizar sobre o dildo, negro. Num tamanho desproporcional. Orgulho de orgias romanas talvez. E vestia a calcinha que o prendia. Era um homem e em seus devaneios psicóticos talvez até pensasse ser o próprio Kock naquele instante. O falo rijo sintético a apontar para o alto, guiado pelas delicadas mãos da dominatrix. Ela sorria, caminhando para a frente do rosto de Lucrecia.
- Vai aprender a se portar com uma Domme, sua cadela imunda...
E novo tapa. O rosto da mulher chegava a virar pela violência da mão que lhe marcava o rosto. Doía. Sim doía, mas ela se sentia tão presa e excitada àquela dor. Os olhos de Lucrecia voltavam suplicantes para os olhos da Domme..
- Abre a boca cadela vagabunda e chupa. Chupa o meu pau.
Sorria com escárnio quando a pequena e desejosa boca de Lucrecia tomava o dildo. Não conseguia envolve-lo inteiro, nem mesmo abocanhar a glande inteira na boca.. era grande. Nunca havia brincado com um desses, e de repente sentiu medo. Mas um medo aliado a uma vontade imensa de sentir-se rasgada ao meio por aquele membro negro. E lambia inteiro.. deixava a língua deslizar do topo à base, como uma gatinha sedenta a beber o mais puro leite. Os dedos brincavam ao redor do dildo, como se masturbasse o membro de sua Domme honorária. Os olhos se mantinham baixos, como uma serva deveria ficar e nisso, Lucrecia mostrava total talento. Os olhos de Desireé ainda estavam sobre Kock. E para os dele não havia outro lugar. Victor deixava que a mão deslizasse pelo abdômen. Que os dedos descessem até o ventre.. e afastava. Expunha o clitóris, ao dedo. À ponta do dedo que deslizava sobre ele, sem sequer deixar de beijar a nuca, de respirar ofegante entre os fios de cabelo. De deslizar a boca ao lóbulo em mordiscares, permitindo à língua contornar a orelha. Ammellie arfava. A boca entreaberta deixava a ponta da língua contornar os lábios e os olhos imploravam pelo toque de Kock. Queria que ele arrancasse as mãos de Victor, que fosse ele a prová-la daquela forma. E nesses pensamentos sentia o estremecimento lhe tomar as pernas, molhava ainda mais.
- Senhora.. eu não agüento mais.. eu vou gozar.. – A voz delicadamente juvenil sussurrava ao mesmo instante em que o grito de dor de Lucrecia era ouvido. Desireè a penetrava sem dó ou piedade, fazendo o corpo da slave tombar para frente. Dor, a dor era lacerante. E por alguns segundos para ela não houve prazer algum. Houve a sensação de ser aberta em duas. A sensação do filete de sangue que escorreu pelas pernas. A lagrima que brotava aos olhos quando ela tentava agarrar o couro do sofá. O morder da própria boca para conter mais gritos. Kock não a maltratava assim, era algo novo. E ela já não sabia se gostava tanto de estar dominada por Desireè. Mas não podia voltar atrás ou seria castigada com algo maior.
- Toque-a. – Pela primeira vez durante aquela orgia a voz rouca de Kock se fez escutar. Era imperativa e destinada a Desireè. Mas os olhos dele não se desviaram de Ammelie. A garota estava prestes a gozar. E ele queria ver o quanto ela agüentaria.
A Domme escutou a ordem e mecanicamente, levou os dedos ao sexo de Lucrecia. Habilidade. Desireé possuía toda uma habilidade com as mãos, manuseava o clitóris com delicadeza e certeza nos toques, deslizava-o escorregadio entre os dedos, massageava. E manteve o ritmo até perceber que a musculatura de Lucrecia já não estava tensa. Que alem dos gemidos de dor, os luxuriosos de prazer começavam a brotar e então voltava a se mexer dentro da garota. Os olhos da Domme sobre os de Kock. A pequena Amellie disse que gozaria, informava sem pedido algum. Para Desireé a ordem de Kock fora um tapa no rosto. Não queria continuar com aquilo não queria ver o que seus ouvidos acabavam de escutar. Kock mantinha o olhar e por ele dizia que não era hora. E Ammellie puxava o ar para si com toda a força dos pulmões.
- Não senhora.. eu.. – titubeava o formigamento já lhe consumia todo o ventre – eu não posso gozar agora.. eu.. eu agüento mais.. agüento..
Kock sorriu. E só então caminhou até a garota. O cheiro do homem. Os gemidos de Lucrecia que explodia em gozo sem prévio aviso, devido à mão de sua senhora no momento e do descaso dela por estar presa aos olhos de Kock e de Ammellie. Desireè molhava inteira. Não.. não podia ainda ser tão fraca assim perto daquele homem. E Kock deixava o corpo estar a milímetros de Ammellie. A mão que tocava o sexo. Os dedos que deslizavam suaves, quase imperceptíveis pela fenda até o clitóris.
- Goze agora minha criança...
Não seria preciso sequer a penetração para fazer o corpo de a menina converter-se em espasmos que lhe tremiam toda a carne. Gozava. Abundantemente nos dedos de Henrick. Era dele o seu gozo, como fora cada suspiro de prazer que dera naquela sala. Uma experiência incomum que ela sabia que jamais presenciaria novamente, se não fosse ao lado dele. As pernas amoleciam e mantinha-se em pé tão somente apenas pelas mãos de Victor que a segurava. Ofegava e em momento algum do gozo, desviou os olhos daquele que para ela, em seu intimo seria sempre o seu verdadeiro senhor. Ele sorriu. Retirava o dedo do sexo da garota. Esfregando os dedos um no outro, deixava-se sentir o cheiro passando-os perto do nariz. Virginal. Ele sorriu virando-se para Desireè. Que ainda o olhava. No momento do orgasmo de Ammellie ela tinha se permitido sair de dentro de Lucrecia que estava sentada na poltrona.
- Leve-a Kock. Eu usei a sua escrava, sei que tem um preço a pagar. – Havia mágoa, extrema mágoa no tom de voz da linda mulher diante dele.
Ele sorriu. Deixou os dedos tomarem a nuca de Desireè puxando-a para si. Fazendo os lábios encontrarem os dela, num beijo lascivo. A língua que adentrava a boca da mulher, provocativa. Os lábios úmidos que sugavam os dela com força, com desejo que faziam a Domme amolecer envolvendo-o pelo pescoço. Deixava o membro sintético roçar o verdadeiro por baixo da calça de Kock.
- Eu não re-adestro slaves... – Murmurava ao mordiscar os lábios de Desireè. – Viveu tanto tempo sob meu domínio e esqueceu como procedo, Catarina? – A garota é sua... E sim... vc me deve. Usou Lucrecia. Eu vou cobrar. No momento exato. Por hora. Estou grato pela visita.
Ele sorria e afastava-se. Saia-se daqueles braços que lhe envolviam o pescoço, porque ele assim havia permitido. Estendeu a mão para que Lucrecia viesse. E a mulher ia. De cabeça baixa, como uma cachorrinha que revê o dono após um longo tempo.
- Vamos Lucrecia.
A mulher meneava a cabeça afirmativamente, obediente. Havia feito como seu dono pedira, induzira Desireé ao seu limite. Pegava as roupas para vestir-se. E seguia pouco atrás de Kock para a porta. Ammellie o olhava, como se pedisse, implorasse para ser levada por ele.
- E Desireè.. ainda tem muito de bottom em vc minha querida. Uma slave retraída e vingativa.. – ele sorriu, abrindo a porta. – Eu já tenho meu preço. Ligarei para cobrá-lo. Por hora, melhor tirar do baú sua antiga coleira com as iniciais HK.
E saiu pela porta, seguido por Lucrecia. Deixando para trás Ammellie, Victor, e Desireeé que apenas ao escutar as palavras coleira.. iniciais.. HK.. sentia as pernas tremerem. A respiração entrecortar. Maldito Kock.. Maldito. Maldito controle que ainda tinha sobre seu lado Slave que ela jurava ter morrido.

domingo, 14 de outubro de 2007

Reflexão

"Nunca vá para a cama com um perfeito desconhecido,
a não ser que o desconhecido seja perfeito."
Mae West (?)

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Visita à Desireè - Parte I

Os saltos altos tocavam o chão da sala quando lhe abriam finalmente a porta. Não gostava de esperar muito tempo para entrar na própria casa, e o não gostar era habilmente retratado no rosto sério e de olhar cinza e frio que adentrava. Tinha uma pele pálida. Alva como um mármore e tão gélido quanto. Não que isso fizesse dela menos atrativa, ao que tudo indicava surtia exatamente o efeito contrário. Os cabelos eram negros, de um negro envolvente como a noite que atiça a alma dos amantes e poetas lascivos ou enamorados. Sequer se deu ao trabalho de olhar o homem que se curvava para deixa-la passar. E aquele ser inútil nem mesmo ousava dirigir-lhe o olhar. E Desireè passava em direção à poltrona da sala, retirando as luvas brancas, para deixar sobre a baixela de prata que ficava ao lado da poltrona. A mesa estava posta. Com velas, frutas e o cheiro agradável vinha da cozinha. E nem com todo agrado ela sorriu. Mantinha o rosto fechado enquanto o rapaz que tinha lhe aberto a porta vinha sentar-se no chão aos seus pés, para retirar-lhe o sapato. Ela respirava fundo.. deixou que os dedos entrelaçassem os fios de cabelo do jovem que só então a olhava. Ela o tinha tocado, agradado, então ele podia olhar.. e o fazia, como um cão que tem seu dono em total adoração.
- Já está tudo pronto? – A voz era doce.. perigosamente doce.. como um convite ao beijo.
O rapaz apenas meneou a cabeça afirmativamente.. enquanto a mão de sua dona descia pelo rosto. O cheiro da pele dela, o toque delicado das unhas até que ela tocasse sua coleira, onde as iniciais DD estavam penduradas.
- E Ammellie.. onde está?
Era uma pergunta, então ele poderia responder para ela.
- Na cozinha, senhora.. está finalizando o jantar.
E então ela sorria, ela tinha um convidado hoje de demasiada importância, e tudo deveria correr bem, tal qual um relógio inglês.
- Muito bem.. muito bem.. vão aprontar-se.. logo ele deverá chegar, e eu não quero erros ou .. – os dedos que acariciavam a coleira, e desciam ao peito para brincar com o piercing do mamilo subia bruscamente, tomando a nuca do rapaz, puxando os cabelos com delicada força – castigarei você.. e Ammellie..
O rapaz sentia o corpo inteiro arrepiar naquele arranhar da unha em sua nuca. No puxar da cabeça para trás, era entregue e gostava daquela sensação. Esperou que Desirrè lhe soltasse os cabelos castanhos para que ele pudesse se levantar e avisar a sua irmã que deveriam se aprontar. Ela observava a garota de longos e lisos cabelos castanhos como os do rapaz sair da cozinha em passos curtos de gueixa usando tão somente apenas um avental, deixando as ancas aparecerem ao caminhar para o quarto. E não demorava aos passos do lado de fora da porta serem escutados. Nunca entendeu pq ele gostava tanto de usar aqueles malditos metais no solado do sapato. E no automático a imagem do rapaz tornou a surgir pela sala. Nu. Usava apenas a habitual coleira quando estava na casa de sua senhora. E abria a porta, sem sequer olhar para homem que entrara. Ou para a companhia feminina que trazia com ele.
- É o Mestre Kock, senhora..
A voz saia semi abafada pelo rosto constantemente retraído. E o homem entrava. Um adocicado perfume de maçã e canela que parecia ter uma morada fixa na pele daquele homem bem vestido. Os olhos de um castanho-esverdeado que beiravam o amarelo. Os cabelos negros, repicados e arrepiados. A roupa usualmente negra. A mulher que entrava a seu lado tinha a exata noção de saber o que era. E não entrava na casa tão submissa quanto os slaves de Desirrè. Era a atual escolhida de Kock. E se fazia notar porque quando se fazia entrar. O salto agulha finíssimo. As curvas delicadas do corpo acentuadas pelo vestido negro, que moldava todo o corpo. Os olhos azuis delineados pelos contornos negros. A coleira que ostentava com o orgulho de uma gata siamesa. Desirrè a olhou e era a única coisa não permitida para a pequena Lucrecia, que baixava os olhos, afinal Desirrè era uma domme, como seu senhor.
- Sempre pontual... – a voz de Desirrè de repente soara fria, lacônica, tão diferente da sua habitual forma.
E ele sorria, deixando que o rosto tocasse suavemente o pescoço de sua cria. Gostava do cheiro da pele da garota. Era como uma dosagem de ópio.
- Atrasos nem sempre são de bom tom...
Desirreè sequer levantava da poltrona para recepciona-lo. Um ato de rebeldia talvez, ou medição de forças. O rapaz aproximava-se para retirar o casaco de Kock. E logo Ammellie estava entrando na sala. Os olhos do Mestre voltaram para a menina. Nova.. um diamante a ser lapidado, e isso fazia o sangue de Kock ferver. Desirreè percebia e demonstrava com um sorriso dos mais sacanas no rosto.
- Tentador não é? – Enfim levantava-se e caminhava até a garota que estava em pé no meio da sala. – Essa pele.. – e as mãos bem cuidadas da Senhora deslizava pelo rosto de Amellie, a pobre garota sentia o corpo inteiro arrepiar. – Esse cheiro... – e os olhos da Domme estavam presos aos olhos Dele. Lucrecia o circulava como uma gata arisca que por segundos teme perder seu território. Ele nunca havia olhado assim para ela. Porque olhava assim pra aquela menininha? E Desireè sorria, enquanto a ponta dos dedos deslizavam para os mamilos de Amellie que enrijesciam de imediato como um reconhecimento á mão que o tocava. A mão de Lucrecia tomava o peito de seu senhor. Ela o abraçava como se quisesse proteger seu pequeno espaço. E Desirreè parecia se deliciar com o clima.
- Essa boca.. – e era a boca da Domme a tomar os lábios róseos da jovem. A mordisca-los chegando a puxa-los.. a jovem chegava a fechar os olhos, e podia sentir o próprio coração disparar. Um leve gemido escapava dos lábios da garota. – Já imaginou o sabor que a boceta dela tem Kock? – E olhava para o homem que continuava imóvel na sala tendo a bela Lucrecia a começar a desejar a garota de igual forma. E beijar o pescoço de seu senhor. Kock estava ocupado demais preso aos olhos da pequena Amellie.
E os dedos de Desireè desciam. Tomavam o caminho do abdômen, e expunham o pequeno sexo da garota. E fazia um leve sinal para que o rapaz que abrira a porta se aproximasse. E era atendida. O jovem posicionava-se atrás de Amellie, erguendo as mãos dela pelas algemas sem correntes que ela usava. Levando as mãos da mulher para a própria nuca. Presa em um tronco humano. E o próprio jovem já começava a excitar-se, sendo notável a angulação do membro entre as pernas da jovem garota. E sentir a masculinidade sumissa do rapaz. Sentir as argolas de metal que ele ostentava na glande a brincar com a sua intimidade a fazia arreapiar, mas nada.. absolutamente nada estava fazendo com que molhasse mais do que o amarelo dos olhos daquele homem à sua frente. Ele não a tocava, ele não dizia nada. Mas apenas o seu olhar já lhe submetia a uma vontade insana de se deixar ser dele, e apenas dele. E era essa sensação que a fazia melar ainda mais, era essa sensação que a fazia gemer. E as mãos de Desireè tocavam o pescoço do rapaz, induziam os lábios do jovem ao pescoço de Amellie, e ela não fechava os olhos. Não havia como, estava presa a Kock. Lucrecia deixava-se envolver pela cena, e sentia o formigamento latente ao sexo, queria participar, mas seu dono devia permitir. E era com um olhar de criança que vê um delicioso doce na vitrine que olhava para seu Mestre. Kock apenas meneava a cabeça sem retirar os olhos da garota servida como atração principal. Não era uma noite de castigos e só agora ele percebera. Era uma armadilha bem montada por Desireè. E a Senhora sorria para o olhar pedinte da escrava de Kock, poderia castiga-la a sua maneira e deixa-la ali aguando a vontade de sentir o gosto de Amellie.. Mas prmitia que a mulher se aproximasse. E a bela ruiva já iniciava o retirar do vestido negro, revelando as belas formas, revelando a tatuagem com o nome de seu mestre sobre a bunda. Entre as covinhas que enlouquecem as mentes masculinas. Um presente para quando seu mestre a fodesse de quatro, ter a certeza de que era dele. Caminhava lascivamente para a jovem parada no centro da sala que não conseguia desviar os olhos de Kock, nem mesmo esconder os pequenos gemidos, e eram as mãos dele que ela imaginava tomando seu corpo, não a de seu irmão. Era a mão dele que ela sentia através daquele olhar a lhe brincar com os biquinhos do seio tão durinhos, ou mesmo a afastar as nádegas a descer pelo anus e tomar o sexo a lhe abrir, e ela escorria. E envergonhava-se de estar desejando outro mestre que não a sua Domme. Melava-se inteira. Desireè olhava Kock, e era a sua vez de sentir a umidade lhe brotar as entranhas. Aquele olhar. Era como se ele a fodesse pelo olhar para a jovem. E isso lhe dava um misto de prazer e raiva, que a fazia esticar a mão para tomar um de seus brinquedinhos na sala. O ruído do couro que se chocava contra a pele delicadamente pálida de Amellie, que marcava e arrancava um gemer mais alto. E a garota não fechava os olhos.. gemia, mas gemia para Kock e ele sabia. Lucrecia seguia para se aproximar, queria provar aquele liquido que escorria entre as pernas da cria. Mas a mão de Desireè lhe impedia. E era a Domme a retirar a roupa. A chamar com o dedo a slave de Kock, A colocar uma das pernas sobre o sofá abrindo o sexo rubro para ela. Dominar a escrava de um Mestre era sempre mais excitante. Lucrecia olhou para seu senhor, a pedir a aprovação. Ele apenas meneou a cabeça afirmativamente. E ela seguiu. Ajoelhou-se diante de Desireè que lhe sorria.
- Anda putinha... chupe a minha boceta e me faça gozar... – e o estalido do tapa era escutado. A marca dos dedos que ficava no belo e angelical rosto de Lucrecia. O gemido que escapava dos lábios da jovem. O brilho metálico que surgia na língua que se projetava para onde havia sido ordenado. A umidade que se misturava. A saliva à excitação. A língua que brincava como clitóris deixando que o piercing fizesse as honras da casa.
- Chupa direito, cadelinha... – A voz era doce e imperativa. E os olhos de Desireè, estavam no homem imóvel diante da sua escrava. Desireè sabia que usar as escravas de Kock tinha um preço. Usar sua primadona então, era um preço deveras caro. Mas eram os olhos dele que ela buscava. Aquela forma única de domar sem sequer tocar que a fazia molhar ainda mais.. que a fazia mover o quadril e esfregar o sexo na boca da escrava. As mãos de Lucrecia que desciam para brincar como próprio sexo. Enxarcado. E Amellie que sentia o membro a lhe abrir o sexo. Victor jamais passava dos limites antes que a sua Senhora lhe ordenasse. E com aquela garota, este comando ainda não tinha vindo.
*Fotografia de Ken Markus.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Reflexões

"Quem por amor se perdeu
Não chore, não tenha pena
Uma das santas do céu-
É Maria Madalena..."
(Augusto Gil)

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Mais uma noite...

Era noite, como todas as outras noites em que vago pela rua. As minhas memórias insistem em me trazer de volta o cheiro dela. Insistem em brindar-me com um cheiro cítrico e único e muitas vezes sequer é preciso fechar os olhos. Fechar os olhos pode vir a ser pior. Se conhecem ironia, sabem que vez ou outra ela resolve assaltar a nossa mente. Nunca me importei com luzes como essas que iluminam uma cidade que para alguns olhos parece deserta, e para outros é o antro de perdição. Perdição. O que vem a ser a perdição se não a busca do respirar nos seios de uma bela mulher. E a ironia desta noite me trouxe ao mesmo lugar onde a minha perdição teve início. A mesma porta vagabunda com o mesmo leão de chácara imbecil selecionando com seus olhos e bolso quem entraria ou não no night club. Tenho sorte e cem pratas no bolso. Passo a porta, o homem ainda me sorri com aqueles dentes laqueados em ouro. Um odor de suor e lavanda vagabunda que enoja os sentidos mais apurados. Os corredores são estreitos, escuros e com o jogo de luz que vem vez ou outra do espaço de dança pode-se ver um casal ou outro, ou três, o cheiro de sexo começa cedo. Começa na língua que se pode ver adentrando a boca ansiosa do rapaz.. nas mãos que se misturam e se perdem por dentro de tecidos, jeans, cabelos.. Nos olhos que percebem o visitante e sorriem, descaradamente eles sorriem como se provocassem ou convidassem os desavisados. Os gemidos. Umidade. Mãos que descem secas e retornam úmidas aliadas a suspirares, gemidos, Moveres lânguidos de corpos que simulam algo que não demorará muito para acontecer, mas não tenho tempo. Não foi para ver orgia romana que vim a este lugar e gastei minhas cem pratas. Sigo adiante. Deixando para trás o cheiro de sexo imberbe para adentrar ao salão. O palco estava vazio, então ela ainda não havia começado a seduzir. Não é difícil encontrar uma mesa, difícil é acha-la próxima ao palco. É afastar os grandalhões que insistem em meter a mão entre os seios das garçonetes, em puxa-las para si, e com mãos ávidas, grossas e ásperas adentrarem por baixo dos vestidos, puxando-as para o colo. E é possível ver as calcinhas que são afastadas, os dedos que abrem ainda mais, algumas pernas que cedem estremecidas com o carinho inesperado e se o cliente agrada, outras se indignam com tal tratamento.. uma obscenidade. É sempre assim quando a garota é nova. Dentro de um mês e com as gordas gorjetas as pernas se abrirão ao simples olhar ou chamar do mesmo dedo bruto. Jenny, a loira de poucas sardas no rosto se aproxima, e juro que a bandeira nunca esteve em lugar melhor que não naqueles seios estufados a propor um brinde. Eu peço o de sempre, ela sorri, colando os lábios deliciosamente grossos nos meus, maculando minha boca de um batom perfumado, com cheiro de framboesa. Deixo que a língua limpe a gordura deslizante do batom nos meus lábios e ela segue, não demora a voltar com meu whisky com gelo e deixar sobre a mesa. Pergunta se não vou querer companhia desta vez. Eu sorrio. Não.. não desta vez pequena Jenny, e ela sai. Talvez irritada pelo desprezo, talvez não, rebola ainda mais que de costume arrancando gritos primatas. Quem sabe outro dia. Hoje.. hoje eu serei dela e apenas dela. E os gritos entre as mesas se intensificam. É hora do show. O som de garrafas batidas contra a mesa, de alguns gemidos que já se tornaram maiores e beiram ao êxtase, o cheiro de sexo, de gozo.. o cenário perfeito para que ela entre. Estico minha cabeça para enxerga-la melhor e ela surge. A cascata vermelha que lhe cai até a linha do quadril. Quase posso sentir o perfume de onde estou. Os seios firmes vestidos com uma seda fina, tão rubra quanto os cabelos que ostenta. Os rosto oculto pelo véu, deixa transparecer apenas as esmeraldas que ela carrega nos olhos. Uma jóia que não necessita de adornos, pois nenhuma jóia estaria a altura daquele colo de marfim. Ela segue para o centro do palco numa dança envolvente, num mover sibilante de quadril, num arquear das costas, como se oferecesse o sexo coberto pelo manto vermelho, que deixa antever apenas pela fenda parte das coxas. E a musica se torna mais alta para abafar os urros dos trogloditas enquanto ela dança.. enquanto aproxima seus lindos seios, de mamilos túrgidos do rosto de um desavisado que tenta agarra-la. Ela se afasta. Eu sorrio. Os olhos verdes esmeralda se erguem enquanto ela se deixa abraçar por um homem alto. Permite até que lhe cheire o pescoço, para me provocar. Sim a mim.. Os olhos esmeraldas estão presos nos meus, enquanto a mão com unhas rubras seguem sobre o braço do homem, e ela se move, se esfrega luxuriosa na calça do rapaz, a língua do homem a percorrer o pescoço alvo, a boca que se abre num escapar de um gemidinho sem vergonha, e ela me olha, eu não me movo. Numa brincadeira em saber quem é o predador em verdade.. e as unhas arranham o braço do homem,, afastam as mãos, e ela sai daquele abraço, deixando o pretendente da noite desolado e excitado. Ela dança. Dança como se fosse um ritual para a lua, se oferece enquanto escolhe o consorte da noite, e vem o sorriso. Os olhos verdes que atravessam o salão de encontro ao meu, e ela chama pelos dedos, eu sorrio. Um ultimo gole de Whisky e já nem escuto o reclamar de meus adversários. Agora sou apenas eu e o caminho até ela. Um trajeto curto e subo ao palco, ela me rodeia, meus olhos sequer deixam os dela. E o arrepio causado pelas unhas que deslizam pelas minhas costas, pelo corpo de perfume cítrico que se cola ao meu, pelas mãos que deslizam para o tórax e descem ao sexo sobre a calça. É o sinal, eu deixo que ela brinque um pouco mais com a minha calça e ela brinca de arranhar o tecido sobre a coxa. De desabotoar a calça, de escorregar a mão por dentro dela e por sobre a cueca. E me tem na mão, tem a minha textura rija, desenhada de vasos. Pulsante. E vem a marca com uma mordida na nuca. Que me obriga a fechar os olhos.. enquanto ela move os dedos, num ir e vir gostoso e provocante. Meus olhos abrem, os dela sorriem atrás de mim, eu me viro e são frações de segundos, antes que arranque a manta e jogue-a no chão, gritos, gemidos longe, mas nada mais parece ter sentido senão ela. E com gestos tão apressados quanto os meus ela me despe. Arranca a camisa sem se preocupar com os botões, num afrouxar da gravata afoito, despenteando os meus cabelos castanhos. A calça não demora a ir ao chão, e os lábios levam com eles a cueca.. Nus.. como sempre deveríamos estar. E as bocas que se procuram num caminho certeiro de unir os lábios, a língua que penetra num predizer do que está para vir.. as minhas mãos que tomam os seios, os mais belos seios que já vi ou toquei, os dedos que brincam com os mamilos suavemente, e apertam num contraste de toques que a faz gemer entre meus lábios.. que a faz morder minha boca até conseguir o que quer. Até obter sangue de mim. Os olhos verdes provocativos o sorriso que ela dá enquanto lambe os lábios deliciosamente, a minha boca que desce tomando o lugar das mãos e a chupo. Não como os bons rapazes da vizinhança.. não como o operador da bolsa de Wall Street do horário comercial, lascivo como um animal no cio, marcando a pele, mordiscando. Chupo e ela desce o corpo, ajoelha-se com os olhos fixos onde ela quer.. Onde a mão vem tocar e avisar que se tornou propriedade de seus desejos e me possui. Me possui de um jeito úmido brindado com uma língua que sibila na extremidade do meu sexo. Os dedos que antes acarinhavam os fios vermelhos de seus cabelos agora os puxam. Não há mais a delicadeza. Há a selvageria, e ela sorri, consegue me levar exatamente onde ela quer. Ao limite. Ao extremo. E me deixando escapulir dos lábios me arranha o abdômen, me marca como um gado seu. Eu a chamo de vadia, ela ri.. deixo que as mãos marquem o rosto delicado e alvo, ela pede mais. E o mais pé dado a ela, quando a faço virar-se, e apoiar-se no chão. A mão que desce pelo glúteo, que abre e desliza, e se mela inteira na intimidade dela. Abre espaço para que agora eu a possua.. E não demoro a atender o meu desejo ou o dela. A penetro com fúria e ansiedade, as mãos tomam os cabelos rubros entre os dedos, e ela move-se como nenhuma outra jamais se moveria. E geme. Geme alto e lascivamente, com os olhos fechados. Se entrega entre pedidos de mais, mais e eu a atendo. Atendendo a mim de qualquer modo a tomando com maior intensidade. Puxando-a para mim pelos quadris diante de tantos olhares que deixaram de ser irritados para se tornar desejosos, e os gritos de luxuria vinham de todo o salão. Era o gran finale da noite. A Diva escolheu o consorte, que os convidados aproveitassem o espetáculo em boa companhia. Uma dúvida sempre devia existir entre aqueles homens, porque sempre a mim, desde que decidi freqüentar aquele lugar, mas não era hora para conjecturas e porquês, e sim para sentir o estremecer da carne, o contrair da umidade que me rodeava inteiro. O erguer do corpo dela para que ficasse de joelhos grudado ao meu, para que minha mão tomasse aquele abdômen retilíneo deslizando sobre o pequeno piercing de brilhantes pendurado no umbigo, que seguisse para os poucos pelos rubros que salve guardavam a entrada para o paraíso, e a boca quente e úmida buscava a minha entre palavras de baixo calão. Me chama de puto, cachorro, safado.. e pede que eu enfie mais, e mais e mais.. eu atendo. Até que vem os espasmos, juntos com o contrair.. ela aumenta o mover, chocando o corpo no meu e o gemido de êxtase escapa dos lábios, suada, suado, não tardo a explodir dentro dela em jatos constantes. E nos permitimos ainda a ficar ali abraçados por mais alguns minutos, ela sorri, sussurra ao meu ouvido que me ama. E pergunta de Sophie. Eu a beijo longamente. E me desfaço do abraço murmurando que a amo também. Que Sophie está bem e que a esperaremos em casa. Eu me visto. E desço do palco, ela se cobre e sai de cena. Aos meus pés alguns casais que imitam a arte, outros que se resolvem solitários. Não me importa, o nó da gravata é ajustado, a camisa não tem conserto. E o sorriso abrilhanta os meus lábios. Enquanto saio daquele lugar, o corredor já conhece novos rostos, e eu saio. O ar puro da rua, a luz vagabunda que ilumina a cidade. O meu carro estacionado do outro lado da rua, tateio os bolsos em busca do cigarro. Acendo. Deixo a fumaça me preencher os pulmões, e ligo o automóvel dirigindo até a rua de trás.. não preciso esperar muito Logo ela sai. Os cabelos ruivos presos num rabo de cavalo, A blusinha azul marinho de alcinha a cobrir a linda barriga, os olhos verdes a encontrarem os meus apaixonados enquanto ela recoloca a aliança no dedo. Eu exibo a minha. Um gesto antigo para dizer que está tudo bem. E ela entra no carro. Me dá um beijo daqueles que apenas ela sabe me dar. E segue abraçada comigo todo o trajeto para a casa. Para a nossa casa. Onde não sou mais um operador de Wall Street, onde ela não é mais uma performer de sexo ao vivo, onde uma garotinha de olhos verdes e cabelos cobre nos aguarda dormindo. Onde podemos ser finalmente marido, e mulher.